PS diz que substituição de Governador do Banco de Portugal é uma “decisão negativa”

O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, afirmou hoje em Setúbal que a substituição do atual governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, “é uma decisão negativa que quebra um compromisso histórico de reconduzir o titular do cargo”.
“Do meu ponto de vista, foi uma decisão negativa não reconduzir o governador do Banco de Portugal, porque não se viu colocar em causa o seu mérito e a sua competência, o seu prestígio, o seu estatuto internacional”, disse o líder socialista, ainda antes de ter sido anunciada a decisão do Governo de substituir Mário Centeno por Álvaro Santos Pereira.
[“Mário Centeno] é uma das personalidades que mais prestígio tem no sistema de bancos europeu. É reconhecido pelos seus pares, o Banco de Portugal tem cumprido as suas funções primordiais e hoje temos o sistema financeiro devidamente consolidado – o próprio primeiro-ministro reconheceu esse mérito”, acrescentou José Luís Carneiro, à margem de bum encontro com o cardeal e bispo de Setúbal, Américo Aguiar, na casa Episcopal de Setúbal.
O líder socialista disse que “é a primeira vez em muito tempo que se quebra um compromisso histórico de reconduzir o governador do Banco de Portugal, garantindo a sua independência, a sua isenção, e evitando que o Governo tenha qualquer interferência naquilo que é uma autonomia administrativa financeira das mais importantes instituições nacionais, que apenas deve ter supervisão por parte do sistema europeu de bancos”.
“E, por isso, não se compreende como é que se tomou esta decisão de pedir à Inspeção Geral de Finanças (IGF), para fazer uma inspeção para a qual a IGF não tem competências próprias para esse fim. Espero que não se venha a desenvolver este padrão, porque é um padrão que tem vindo já a ser demonstrado em outras decisões do Governo”, acrescentou, considerando que se está perante o mesmo padrão que determinou a substituição da ex-provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Ana Jorge.
“Assumir uma opção e depois procurar encontrar matérias para colocar em causa o bom nome das pessoas que serviram a instituição, não é adequado. É imoral”, concluiu o líder socialista.
Sobre o encontro com o bispo de Setúbal, o secretário-geral do PS lembrou que a “Igreja Católica tem um conhecimento profundo das condições de vida” das nossas comunidades locais.
“Não há melhor opção do que ouvir quem tem responsabilidades nesse acompanhamento, nessa auscultação que ocorre por todo o distrito de Setúbal”.
“Trata-se de um distrito com quase um milhão de habitantes e que tem hoje, como se sabe, problemas graves do ponto de vista da resposta na saúde, nos cuidados de saúde primários, na obstetrícia, na pediatria, na ortopedia”, acrescentou o líder do PS, que lembrou também os problemas na habitação, a pobreza e das desigualdades sociais na região.
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